Fast Fashion x Slow Fashion: Diferença de consumo no mercado brasileiro
Sabe o que está mais na moda do que roupas, acessórios e sapatos? Entender mais profundamente sobre a indústria têxtil. E, por isso, trouxemos dois termos que ganharam destaque nesse meio fashion: Fast Fashion e Slow Fashion.
Vamos entender o que são esses termos?
Movimentos contrários no mercado da moda, o Fast e Slow Fashion tem propostas e atuações distintas. Enquanto o movimento Fast preza pela produção em massa e rapidez, o movimento Slow atua de mais forma lenta, com peças de vida útil mais longa. As diferenças desses dois movimentos estão presentes desde o processo de produção, até a forma como as coleções são concebidas.
No Fast Fashion são lançadas várias coleções e subcoleções ao longo do ano. Em contrapartida, no movimento Slow Fashion são desenvolvidas pequenas coleções. Além disso, no movimento Slow, há também uma preocupação maior com a humanização da confecção, ou seja, a marca faz com que o consumidor tenha acesso a vídeo ou foto de quem produziu aquela peça.
Antes de iniciarmos, deixamos abaixo um glossário com termos que podem aparecer durante a pesquisa.
Upcycling é uma técnica de reaproveitamento de materiais já existentes, transformando peças que seriam descartadas em aterros sanitários e dando um novo sentido para elas; já a Handmade é um termo que foi adotado para se referir a itens feitos de forma artesanal, ou seja, objetos fabricados sem a utilização de processos industriais e automatizados.
Eco fashion é um conceito de moda que preza pela sustentabilidade no processo produtivo das peças.
A Moda Sustentável é baseada na preservação do meio ambiente em todas as suas etapas de produção, buscando, por exemplo, reduzir a quantidade de poluentes usados na fabricação dos produtos e minimizando a retirada de matérias-primas da natureza.
O conceito de Moda Circular baseia-se nos princípios fundamentais da economia circular e do desenvolvimento sustentável, que são: preservar e aumentar o capital, otimizar a produção de recursos e fomentar a eficácia dos processos.
Esses termos estão atrelados à prática da Moda Consciente, pilar principal onde está a
Slow Fashion.
Para entendermos um pouco mais sobre esses termos, foi feita uma pesquisa usando a STILINGUE, onde foi possível analisar o que está sendo falado nas redes sociais sobre esses dois movimentos da moda e por que eles estão crescendo.
Dados Gerais
Essa pesquisa analisou o período do dia 01 de Janeiro até dia 15 de Agosto deste ano (2021), e foram retornadas mais de 16 mil publicações dentro dos assuntos de Fast Fashion e Slow Fashion. O Twitter foi o canal de maior presença de publicações, com uma parcela significativa, isso demonstra que os consumidores debatem e citam muitos dos assuntos nessa rede social.
A discussão entre Fast x Slow fashion acontece em picos de notícias em que os usuários falam sobre marcas e expressam suas opiniões, geralmente dividindo os pensamentos e reflexões. No gráfico abaixo é possível identificar alguns picos que ficaram em evidência dentro desse período.
O primeiro pico, acontece dia 05 de Fevereiro, e tem como evidência o termo Fast Fashion, que ganhou destaque dentro de discussões no Twitter estando ligado às maiores marcas de Fast Fashion do Brasil e do mundo, como: Riachuelo, C&A, Shein e Zara.
Dentro de mais de 550 publicações coletadas nesse dia, 295 (mais de 50%) apresentam sentimento negativo, pois estão dentro de um contexto em que as pessoas questionam o funcionamento do mercado Fast Fashion relacionado ao consumo e capitalismo.
O maior pico de publicações ocorreu no dia 13 de Junho e essa repercussão se deu por conta de um vídeo de um usuário do TikTok em que ele insinuava que apenas pessoas com alto poder aquisitivo conseguem comprar roupas na Zara; esse vídeo circulou, virou meme e se tornou um dos assuntos mais comentados dentro de outra rede social, o Twitter.
Os usuários do Twitter falavam sobre a Zara também fazer parte da indústria Fast Fashion, assim como outras marcas, o que gerou uma discussão sobre quais marcas são de grife, alta costura e quais são de fast fashion.
Por último, tivemos um período – do dia 28 de Julho até dia 01 de Agosto – em que o termo em evidência dessa vez era a Slow Fashion com mais de 1.500 publicações e, diferente dos outros picos, dessa vez teve uma grande relevância no Instagram, com 85% das publicações sendo retornadas da plataforma.
Dessa vez, a pauta entre os usuários foi sobre o consumo e o meio ambiente. Por isso, formas alternativas de moda foram bastante citadas, como, handmade, moda sustentável, moda consciente, desapegos e brechó online.
Agora que entendemos um pouco mais sobre o que foi dito em cada um dos picos, podemos voltar para as análises sobre o Fast Fashion e Slow Fashion no período geral da pesquisa e se aprofundar sobre o que está sendo falado.
O que estão falando?
Retornando às particularidades do público, conseguimos traçar os temas mais falados dentre esses assuntos, que são eles: Moda Sustentável que está atrelado ao consumo consciente e ao movimento de Slow Fashion; Peças que demonstra uma alta procura de peças do Outono/Inverno como blusa, camiseta e cropped; Questões Ambientais e Produção que falam sobre a indústria da moda e têxtil e do consumo; e por fim a Moda Local, que diz respeito ao consumo de marcas e empresas brasileiras.
Observamos que existem algumas vertentes da moda que estão em evidência, e a fim de entender um pouco mais sobre como elas se destacam dentro do contexto de Slow e Fast Fashion foi feita uma matriz que compara esses temas aos grupos.
Dentro do grupo de Fast Fashion, as vertentes que estão em evidência são: moda plus size, onde as pessoas estão falando sobre a dificuldade em achar peças plus size dentro das lojas de departamento; moda íntima, falando sobre como o valor de peças íntimas é muito mais barato em lojas de Fast Fashion; e moda praia com usuários divulgando sobre qualidade e variedade de moda praia presente em lojas de departamento.
Enquanto em Slow Fashion, as vertentes que estão em evidência são: moda praia, com pessoas procurando sobre marcas com tecido sustentável e com qualidade, moda plus size, com discussão sobre marcas que pregam o Body Positive – termo que aborda aspectos positivos do seu corpo que por muito tempo foram considerados “fora do padrão” – e moda LGBTQI+, com marcas que têm moda agênero e unissex, além de algumas peças de roupas que ganham evidência nessa vertente como, por exemplo: camisa e corta vento.
Quem está falando?
Moda é sempre um assunto comentado entre público masculino e feminino, cada um com suas particularidades, é claro. No que diz respeito aos movimentos Fast Fashion x Slow Fashion, temos as mulheres como o público que mais fala sobre o assunto.
Vendo essa diferença entre os gêneros, foi feito um duelo entre eles para entender o que cada um deles fala e o que os dois têm de interesse em comum dentro dos temas.
Ao realizar uma análise do lado esquerdo, que representa o público feminino, é possível reparar que muito do que foi falado anteriormente está englobado dentro desse público. Então, encontramos termos relacionados com o tipo de confecção – Slow ou Fast Fashion, sobre tamanho, peças, preço e mão de obra. E, além disso, são apresentadas também algumas marcas de Fast Fashion em evidência, como Renner, Marisa e Riachuelo.
Enquanto do outro lado, o lado direito – representado pelo público masculino – temos discussões mais voltadas para indústria da moda com pautas sobre a mão de obra e impactos. Acessórios e peças, como moletom, camisetão e calça jeans aparecem em evidência. O público masculino também procura por qualidade/conforto nas roupas e marcas como Hering e Aliexpress estão presentes nessas discussões. Além disso, os homens também citam o interesse em produtos de marcas de luxo/grife.
Ao analisarmos os termos em comum entre os dois gêneros, percebemos que as marcas de interesse entre eles são: Zara, Nike e Shein. Além disso, é possível perceber que o mercado com maior evidência é o Fast Fashion e isso se dá por conta do menor preço, tornando-se mais acessível aos consumidores.
Elogios e Reclamações
Na pesquisa, foi possível identificar que ambas as indústrias contam elogios e reclamações. Quando falamos de elogios, são retornados conteúdos sobre os lançamentos/novidades de lojas de Fast e Slow Fashion e comentários sobre as peças que valem o investimento.
Já quando falamos das reclamações, temos lojas de Fast Fashion em destaque, demonstrando que os consumidores relatam insatisfações quanto ao capitalismo e qualidade das peças dessa indústria. E ligado ao termo Slow Fashion, os maiores problemas citados pelo público são os preços e a falta de variedades das peças.
Considerações finais
Utilizando a STILINGUE foi possível observar o comportamento dos usuários diante ao consumo e indústria têxtil, em que as pessoas estão começando a explorar mais os variados modos de consumir moda, a fim de adotar o consumo consciente e optar pelo slow fashion, refletindo sobre as questões ambientais, morais e biosustentáveis.
A indústria têxtil é uma das quatro indústrias que mais consomem recursos naturais, segundo a Agência de Proteção Ambiental dos EUA (EPA). Por isso, a procura por opções de consumo sustentável de roupas é cada vez maior. Todos os dias, mais e mais consumidores buscam alternativas para minimizar os danos causados ao planeta, sem renunciar ao estilo. A moda consciente é uma tendência crescente: brechós, slow fashion, produção local, materiais menos agressivos ao meio ambiente. Mas ainda assim, devido ao alto custo das peças de Slow Fashion aos consumidores, a indústria de Fast Fashion ainda é muito buscada pelo público e tem muito a crescer.
A discussão sobre esse assunto é muito importante, pois abre espaço para reflexão de cada grupo a fim de mudar um todo; e com a STILINGUE foi possível monitorar por esse tempo essa crescente do assunto e da preocupação das pessoas.